Aceite esse texto como um convite capaz de conduzir a novos territórios, novos significantes, novos olhares dessa São Paulo que compartilhamos. Cheguei como um mero observador nestas favelas da grande São Paulo, olhando de perto – mas ainda de longe - uma situação tão distinta da minha.

Conforme o tempo passou, a convivência apertou e tornei-me mais íntimo destes olhares, destes cativantes sorrisos que hoje denotam muito mais do que posso tentar dizer com essas
palavras. Por isso as imagens, que testemunham histórias das vidas que perseveram pela beleza, apesar de vividas nesse ambiente tão hostil aos olhos dos meros observadores.

Durante cerca de um ano tive o prazer de conhecer não apenas o nome, mas a história de vida da maioria dos que protagonizam a exposição. Até por isso foram eles que primeiro colocaram seus olhos sobre essa composição de retratos. Os residentes da favela Padroeira, em Osasco, postaram-se diante de espelhos que
refletiam recortes de suas vidas, imortalizados por um olhar de alguém que não mora ali, mas que não é mais um alienígena.

Esta exposição foi a minha forma de retribuir tudo o que comigo foi compartilhado. Agora é a vez de apresentar àqueles que não os conhecem. Se permitirem ao autor da exposição um pedido, peço apenas por respeito. Por um tipo específico de respeito. Aquele que eu pediria a um amigo ao apresentar outro: tente deixar de lado possíveis boatos, diferenças ou concepções preconcebidas. Busque ao invés disso encontrar a vontade de viver, de ser notado, de fazer parte, afinal, isto que faz de todos nós humanos.

Muitos dos personagens que apresentarei nas fotos a seguir tornaram-se meus amigos. O que há em comum em todas as histórias são os registros do que senti ao me deparar com olhos marejados, sorrisos que não queriam ser vistos, almas que brilhavam. Por elas fui convidado a andar entre as vielas de suas casas; e agora sou eu quem convida você a se perder por entre as vielas de suas vidas…


Aproveito para agradecer ao Fernando Palacios, recente amigo, pela grande ajuda na constituição deste texto, a Claudia Neves, amiga querida, pela ajuda na exposição, e claro, aos novos amigos do Otto Bistrot, pela incrivel oportunidade.

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E por fim, "Entre Vielas" recolheu-se, grata, pelas pessoas que a visitaram, pelos pensamentos que se perderam em seus retratos. Grata pelas palavras de carinho escritas no livro de visitas. Com um lindo e enorme sincero sorriso, a mesma lhes diz:MUITO OBRIGADO. Obrigado ao Otto Bistrot, muito obrigado aos que ajudaram na montagem e divulgação.